Shame! Shame! Shame!
Chegou o dia. Quem adora viver no constante "virtue signalling" mais cedo ou mais tarde acaba sempre por ser apanhado no que tanto apregoa contra. É inevitável e dá sempre um gostinho especial quando acontece. Foi isso que aconteceu com Diogo Faro.
Este Sábado ele publicou uma crónica em que criticava todos os que não cumprem as medidas de confinamento e insistem em juntar-se em festas e grupos de amigo. Teve azar, porque foi apanhado em fotografias em que, alegadamente, também ele terá furado as medidas durante a Passagem de Ano. Agora está a apanhar com as críticas.
O que sempre me espantou na sua pessoa é que, para alguém que se apresenta como humorista, normalmente costuma demonstrar pouca flexibilidade para quem pensa diferente dele ou faz piadas com assuntos mais sensíveis. Existe sempre aquela vontade de juntar a sua matilha de indignados profissionais para "cancelar" determinada pessoa ou tentar fazer "shaming".
Eu entendo que ele viu um nicho de mercado em aberto e, em vez de ser um humorista banal como muitos outros, optou por seguir este caminho. Foi inteligente.
Ora, ele estava livre para se focar nesses temas e estar ligado à cultura do politicamente correcto. Nada contra, há vários temas que são dignos e merecem ser apresentados com humor. Agora, estar constantemente a apontar o dedo com superioridade moral quando já se fez igual? Não entendo esta veia para a hipocrisia.
Quando se está do outro lado do "cancel culture" já não tem tanta piada. É assim. Shame! Shame! Shame!
Devo dizer que, mais do que o Diogo Faro ser apanhado na sua hipocrisia, é engraçado ver aquela matilha do politicamente correcto, que tanto gosta de atirar pessoas para a fogueira, a ter de dobrar a espinha para o defender. De repente passaram a achar que isto da cultura de cancelamento não é correcto. Como diria o Eduardo Cabrita, sejam bem vindos a esta luta.