Estamos uma calamidade novamente
Então não é que o Cristiano Ronaldo apanha COVID-19 e, menos de 24 horas depois, o Governo passa o país da situação de contingência para o estado de calamidade. Se o António Costa tivesse esperado para ver a exibição do Diogo Jota no jogo contra a Suécia não tinha havido necessidade de declarar o estado de calamidade.
Entre várias das novas medidas apresentadas em conferência de imprensa, houve uma que se destacou:
Apresentar à Assembleia da República uma proposta de lei a que solicitaremos uma tramitação de urgência para que seja imposta a obrigatoriedade do uso da máscara na via pública, repito, com o óbvio bom senso de só nos momentos em que há mais pessoas na via pública e também da utilização da aplicação STAYAWAY COVID em contexto laboral, escolar e académico, nas forças armadas e nas forças de segurança e no conjunto da administração pública.
Agora já se legisla bom senso e instalação de apps? Está bonito isto.
Apesar de não achar correcto o uso obrigatório de máscara na rua, eu ainda percebo que o seja, mas como é que se cria uma lei sobre o "óbvio bom senso da utilização da máscara"? Eu por exemplo, quando vou na rua normalmente não uso máscara, mas quando vou passar por uma zona mais movimentada coloco-a. Mas é o meu bom senso que, olhando para a quantidade de pessoas com que me vou cruzar, o define. Vão andar as autoridades a policiar o bom senso com uma fita métrica?
Depois, a instalação da aplicação STAYAWAY COVID... Será que o Orçamento do Estado tinha lá uma alínea escrita em que o Governo ia oferecer um smartphone, com a aplicação STAYAWAY COVID instalada, a cada português? Não reparei nisso.
Não sei se repararam, mas a STAYAWAY COVID é uma aplicação bastante peculiar. Por um lado, se ninguém a usar não serve para nada, porque não tem dados inseridos suficientes. Por outro, se toda a gente a usar também não serve para nada, porque vai fartar-se de disparar uma quantidade absurda de alertas desnecessários.
É só imaginar o caso de alguém infectado que andou de transportes públicos nos últimos 14 dias. Já imaginaram a quantidade de pessoas que essa pessoa se cruzou durante 15 minutos a menos de 2 metros de distância? E o mais provável é nem terem sido contagiados. Será uma excelente forma para lançar ainda mais o pânico generalizado.