O Europeu de andebol de praia feminino, que terminou ontem, ficou marcado por uma situação insólita a envolver a seleção da Noruega. As jogadoras da seleção norueguesa de andebol de praia propuseram jogar com calções em vez do biquíni, mas o pedido não só foi recusado como ainda foram ameaçadas com a exclusão do torneio.
Eu não estava por dentro deste desporto e, como tal, fui informar-me melhor vendo imagens e tal, porque este é um assunto bastante sensível e que me deixa com sentimentos contraditórios.
Por um lado a minha vertente de defensor dos direitos das mulheres faz-me pensar que as atletas não deviam ser obrigadas a utilizar equipamento que as faz sentir desconfortáveis e que as sexualiza desnecessariamente no contexto de um desporto. Se queriam usar uns calções de lycra, porquê não deixá-las? Faz todo o sentido.
No entanto, o meu lado urso diz-me que são mulheres em biquíni. É difícil não gostar de ver mulheres em biquíni. Em particular atletas cujos corpos estão bem definidos (pelo que fui investigar só para ter uma opinião informada do assunto, nada mais). Digo até que todo o desporto feminino seria bem mais interessante se passasse a ser realizado em biquíni. Aposto que iria ter mais apoio para ser transmitido na televisão e tudo.
São estes temas fraturantes que fazem um ser auto-inspeccionar os seus valores mais profundos. Isto quando mete mulheres em biquíni tudo entra em questão.
Ainda gostava de ver um caso de assédio em que uma mulher viesse a público falar que tenha funcionado. É que os casos que aparecem são sempre de um homem que faz valer da sua posição para tentar ter determinados favores sexuais, mas a mulher acaba sempre por resistir ou ter de sair daquele meio para acabar com o assédio de que é alvo. O assédio acaba nunca por funcionar para o assediador.
Não estou com isto a querer diminuir a situação, muito pelo contrário. Quando casos destes acontecem devem ser denunciados sempre que possível, mas, mais importante do que isso, é preciso mudar as mentalidades para que deixem de acontecer. Para além disso, se já é difícil por vezes as vítimas contarem os casos em que não se deixaram levar, quanto mais quando o agressor consegue os seus intentos.
Dito isto, por uma vez não pode aparecer uma mulher a apresentar um testemunho em que o assédio funcionou e com isso ficou com a carreira feita? Algo como: "E ele depois baixou as calças e disse que aquilo não se chupava sozinho. Podia estar aqui a mentir, mas a verdade é que não se chupou mesmo sozinho. Foi péssimo, mas ao mesmo tempo tornou-se a melhor decisão que já fiz pela minha carreira. Nunca mais me faltou trabalho nos anos seguintes".
É que os relatos que aparecem só dão péssima imagem aos homens. Duplamente. São assediadores, mas também nunca acabam por conseguir nada. É ficar com a fama e sem proveito.
Mulheres que já estiveram grávidas (se alguma estiver a ler isto), tirem-me aqui uma dúvida se faz favor. Quando se está grávida dá a vontade de tirar fotos nuas? Faz parte do pacote da gravidez? Enjoar, ter desejos de incontroláveis de comer determinadas coisas e tirar fotos nua? É isso?
Ou isto é algo que só afecta as figuras públicas? É que mulher grávida minimamente conhecida faz sempre uma sessão fotográfica nua. Sempre. "Despida de preconceitos".
Reparem, nada contra. Tirando o cliché da expressão "despida de preconceitos" que é sempre utilizada quando uma mulher fora dos parâmetros habituais aparece nua, parece-me uma excelente maneira de guardar uma lembrança de um período da vida que, em particular para a mulher, costuma ser bastante especial.
É só para entender se é uma vontade generalizada no universo feminino ou não. Se puderem, esclareçam-me. Obrigado.
Hoje saiu uma notícia em que uma passageira acusa um revisor da CP de assédio por causa do vestido.
Pelo que foi relatado, a passageira, Sara Sequeira, estava a fazer a viagem para Tomar e, depois de lhe cobrar bilhete, o revisor da CP teceu um comentário sobre a roupa e os seios.
Agora, para além de revisor da CP, ainda temos revisor de moda. Tudo num só. Está boa...
Mais ainda, se era para ser um burgesso, o revisor ao menos podia ser mais imaginativo do que dizer «Ainda bem que não está frio porque senão as suas mamocas ainda se constipavam». Algo mais relacionado com o contexto, tal como "Olhe, vou ter de lhe cobrar dois meio-bilhete extra" ou "O comboio vai ter de fazer mais duas paragens por causa desses apeadeiros", por exemplo. Era uma besta na mesma, mas ao menos era uma besta criativa. Agora para isto mais valia mesmo estar calado.
Portanto, pessoas, em particular homens, há um processo patenteado que eu desenvolvi de como proceder em casos como este. É simples e está testado com sucesso. Consiste em três passos:
Olhar.
Ficar calado.
Seguir a sua vida.
Não falha. E o mais incrível é que este processo ainda vos permite fazer juízos, porque estão no vosso direito de pensarem o que quiserem. Da mesma forma que as mulheres estão no direito de não terem de ouvir estas bocas foleiras.