Toque de Midas inverso
Há duas semanas, o carro onde seguia o ministro Eduardo Cabrita esteve envolvido num atropelamento na A6 e fez uma vítima mortal.
Uma situação bastante infeliz, mas que de repente começou a ser tratada de maneiras completamente diferentes:
- Como aconteceu - Carro conduzido por motorista de Eduardo Cabrita, muito provavelmente em excesso de velocidade, atropela e mata um trabalhador que vai a atravessar a autoestrada.
- Como as pessoas estão a ver - Carro conduzido por Eduardo Cabrita, em excesso de velocidade, não pára num sinal vermelho, atropela e mata alguém que ia a atravessar uma passadeira.
Isto deve-se em grande parte às informações que têm vindo a público. É verdade que quase todas as informações que têm saído vêm do Correio da Manhã e por isso não se podem levar totalmente a sério, mas vejamos então aqui algumas das situações do atropelamento mortal que envolveu o carro oficial do ministro da Administração Interna:
- O MAI fez um comunicado logo após o acidente a afirmar que não havia sinalização dos trabalhos na estrada, a Brisa veio depois dizer que afinal havia;
- Estimativas feitas com base nos registos da Via Verde e das câmaras da autoestrada e hora do acidente revelam que o carro circulava a uma velocidade média de, no mínimo, 200 km/h;
- "Ordem superior" impediu GNR de fazer perícias ao carro.
De todas as porcarias que o homem já fez enquanto ministro, ainda vai ser pela situação que inicialmente menos culpas teria que vai acabar por ir para a rua. Ele conseguiu transformar um acidente que podia ter acontecido a qualquer um, num caso obscuro, cheio de esquemas e contradições. O Eduardo Cabrita tem realmente um dom de tornar situações más em situações ainda piores. Não é para todos. É uma espécie de toque de Midas inverso.