Se é para exigir, é para exigir à grande
É irónico que um Governo tão ligado a tachos lixe tanto a indústria da restauração. É óbvio que são uma das actividades económicas mais afectadas pelas restrições impostas e que devem ser ajudados.
No entanto os empresários da restauração embrenharam-se demasiado no espírito de uma das características que faz parte da nossa Portugalidade, a nossa capacidade para pedir. Mas não é aquele pedir normal. Não. É aquela capacidade bastante típica de pegar em problemas legítimos que precisam de solução e começar a exigir e exigir e exigir e exigir, sem saber quando é a altura de parar, até começarem a vir as exigências confeccionadas sem um ingrediente básico, a noção.
Qualquer Português sabe que se é para exigir, é para exigir à grande e Ljubomir Stanisic também já é um dos nossos. Estranho é isto ser feito por alguém relacionado à restauração. Alguém que sabe melhor do que ninguém que o excesso de um ingrediente ou um ingrediente em falta podem simplesmente estragar uma comida.
Apesar de tudo, devo dizer que, relaciono-me com algumas dessas exigências sem noção, porque lembro-me de em miúdo pensar «Se as pessoas precisam de mais dinheiro, porque é que não imprimem notas?». Infelizmente cresci e tive de abandonar a Terra do Nunca, mas é sempre bonito ver quem mantém esta inocência de criança mesmo já sendo adulto, pensando que o Governo tem dinheiro infinito para fazer tudo.
Só fiquei surpreendido com a manifestação de ontem no Porto ter acabado em confusão. Quem diria? Uma manifestação com o Ljubomir Stanisic como um dos líderes a acabar em confrontos? Foi realmente surpreendente.