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Urso Tobias

Tobias, or not Tobias, that is the question. Divagações de um urso.

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Crash das redes sociais

Redes sociais

Então e o apagão das redes sociais? O crash das redes sociais de 4 de Outubro de 2021. Facebook, Instagram e Whatsapp em baixo ontem durante cerca de seis horas. Uma maravilha!

Ainda não se sabe exactamente o que aconteceu, se foi o Mark Zuckerberg que se esqueceu de pagar a conta da luz ou se os DevOps tinham todos feito ponte e não havia ninguém para carregar no botão para ligar o Facebook de volta. É verdade que entretanto já tudo voltou mais ou menos à normalidade, mas ontem deve ter sido o terror total para algumas pessoas.

Milhares de influencers e modelos do Instagram cortaram os pulsos, porque ficaram tão assustadas só de imaginar que teriam de desenvolver uma personalidade e não sabiam como viver. Outras, em pânico para arranjar nova forma de rendimento, decidiram criar contas no OnlyFans. Centenas de filhos de influencers foram imediatamente enviados para adopção, uma vez que perderam o seu propósito.

Com isto do Instagram ter estado em baixo até nem sei se a Helena Coelho vai ter condições psicológicas de fazer o diário do Big Brother nos próximos tempos.

A loucura foi tanta que até o André Ventura sem Twitter (por ter a conta suspensa) e agora sem Facebook, Instagram e WhatsApp foi obrigado a ter de trabalhar mesmo. Imaginem só.

Existiram até relatos que o Telegram ficou um bocado intermitente. Ora, sem Facebook e Telegram, foi praticamente o fim dos negacionistas. Perderam os seus meios preferenciais de passarem informações falsas e de se organizarem.

Esta quebra nas redes sociais chegou a ser tão impactante que até já houve relatos de pessoas a enviar SMSs e até, tal era o caos, a fazer chamadas telefónicas para falar com outras.

Eu ainda tentei seguir aquele célebre provérbio popular:

Em terra de influencers, quem tem blog é rei.

Com as redes sociais em baixo pareceu-me ser a melhor altura para tentar vender o meu blog às marcas que tinham ficado sem os seus influencers do Instagram. Infelizmente nenhuma decidiu apostar em mim. Não sabem o que perdem.

Entretanto o Instagram voltou e quase aposto que vamos ter influencers a fazer várias stories de como este apagão serviu para crescerem interiormente, porque permitiu que pudessem reflectir na excessiva importância que dão às redes sociais.

O Vírus Influencer


Na passada Quinta-feira a SIC, no Jornal da Noite, transmitiu uma reportagem chamada "#O Conteúdo Somos Nós" sobre alguns influencers digitais (Rui Marques, Mariana Seara Cardoso, Bárbara Corby, Ana Garcia Martins e Fernanda Velez) e na comercialização da sua imagem.

Desde logo achei estranho o título, «#O Conteúdo Somos Nós». Na realidade, não são propriamente. Para quem faz conteúdo nas redes sociais, única e exclusivamente por uma parolice narcisística benigna, isso é verdade. Quem tem marcas por detrás a pagar, o conteúdo já não são bem eles. São simplemente um meio para atingir os seus seguidores, mais um veículo de transmissão de publicidade de marcas.

Se a reportagem queria chamar a atenção para as ideias pré-concebidas que grande parte das pessoas tem sobre os influencers digitais, acho que cumpriu bem essa função. Tirando o Rui Marques e, em parte, a Ana Garcia Martins, também é verdade que todas as outras puseram-se ali bem a jeito, apresentando bem os estereótipos dos influencers. Assim até é fácil bater.

Ficámos a saber que a maneira mais simples de ter seguidores, ser um grande influencer e consequentemente ter bastantes patrocínios, é meter os filhos a render. Tirei notas, vou pensar nisso. Talvez até leve um passo mais à frente e abra uma agência de adopção de crianças para influencers. É um dois em um.

Se antigamente os miúdos, assim que tinham força para pegar numa enxada, lá iam para o campo trabalhar, hoje em dia começam ainda mais cedo. Ainda estão dentro da barriga da mãe e já estão a trabalhar para a casa. É um outro tipo de enxada.

Na reportagem, os influencers também tiveram azar, porque foram logo meter lá uns psicólogos e investigadores a dar opinião sobre que a utilização das crianças neste "negócio" pode não ser muito positiva para as crianças. É jogo sujo vir com ciência quando se está a falar de ganhar dinheiro a vender a imagem dos filhos.

Ainda por cima, os mesmos psicólogos, disseram que os influencers são uns narcisistas. Olha, por esta não estava nada à espera... Pessoas que vendem o "Eu", a imagem e a ilusão de que os outros podem ser igualmente bons se forem o mais parecido possível com o "Eu". Nunca pensei que fossem narcisistas.

A parte final da reportagem da SIC com a Bárbara Corby (que não fazia a mínima ideia quem era e continuo sem saber muito bem) foi a minha favorita. Quando é feita a pergunta chave de toda aquela reportagem:

Jornalista: E se o seu filho disser "Mãe, eu não queria ter estado nas redes sociais desde pequenino"?

Bárbara Corby: Eu vou dizer "Meu filho, lembraste daquela escola que tu andaste e gostaste muito e foste bem educado, as viagens que fizeste, o conforto que tiveste, tudo isto foi pago com o trabalho da mãe, portanto...".

Se fosse preciso um resumo rápido do que é ser narcisista, aqui está. O filho acaba por ser apenas mais um acessório para ganhar dinheiro. Caiu na esparrela da pergunta.

Muitas pessoas gostam de dizer mal dos influencers digitais, por acharem quem são supérfluos e vivem das aparências. É possível que muitos o sejam e também tenho um pouco esse preconceito relativamente a eles, mas ao mesmo tempo admiro-os bastante. Sem qualquer ironia. Quem consegue ganhar a vida, porque, de alguma forma, influenciou outros a seguir as suas palavras/acções merece todo o meu reconhecimento.

Não deve ser nada fácil, partir do nada e conseguir criar a sua própria Igreja Universal do Influencer Digital. Se a Maria Influencer disse que determinada coisa é boa, então é porque é mesmo boa. E ai da invejosa que diga o contrário, leva logo com a tropa de seguidoras em cima que se lixa.

Se vocês estivessem na rua e uma pessoa qualquer dissesse que deviam comprar determinada coisa, vocês diriam para essa pessoa meter-se na sua vida. Mas quando é um influencer parece que há um chamamento mágico. Alguém que consegue criar este tipo de reacções simplesmente por colocar vídeos ou fotos na Internet é algo admirável e digno de reconhecimento.

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