Vou fazer aqui um pequeno resumo da situação de Odemira e do Zmar.
Portanto, Odemira tem um foco de infecção de COVID-19 na comunidade dos trabalhadores agrícolas sazonais. Faz mais de um ano que estamos nisto e o Governo nunca se preocupou com as condições em que estes trabalhadores vivem.
Zmar, um empreendimento que está encerrado e em insolvência, tem 280 casas em madeira, das quais 160 são propriedade de privados individuais. Foi feita a requisição temporária do mesmo por parte do Governo para albergar os trabalhadores agrícolas sazonais durante o isolamento profilático, já que os infectados com COVID-19 ficam na Pousada da Juventude de Almograve. Proprietários das habitações do Zmar estão contra esta requisição, porque acham que lhes vão ocupar as casas.
Agora aqui vai uma solução de génio para este problema. Tomem só atenção na complexidade disto. Usar só as casas que não são propriedade de pessoas. Ficam 120 casas disponíveis que devem dar para uns 240 trabalhadores. Demorei 1 minuto a pensar nisto. Votem em mim nas próximas eleições. Urso Tobias a Primeiro-Ministro.
Os rendimentos operacionais dos CTT cresceram 5,1% em contexto de pandemia. Simultaneamente os CTT exigem uma compensação ao Estado pelos “impactos da pandemia”. É, faz sentido.
Eu se fosse ao Governo aceitava dar a compensação aos CTT. Depois deixava-lhes um aviso na caixa do correio a dizer que tinha tentado entregar, mas não estava ninguém em casa.
p.s.: É só uma brincadeirinha senhores dos Correios, por favor não "percam" as minhas encomendas.
António Costa anunciou ontem após reunião de Conselho de Ministros que as medidas que serão impostas no país a partir de 4 de Novembro. Dever de recolhimento domiciliário, a proibição da realização de celebrações e de outros eventos com mais de cinco pessoas e a obrigatoriedade do teletrabalho serão algumas dessas medidas aplicadas em 121 concelhos do país.
Os portugueses têm o dever de permanência no domicílio, excepto se precisarem de fazer alguma coisa na rua. Como se o bom senso já não ditasse isso. A grande dúvida agora é como se impõe o dever cívico de recolhimento domiciliário. Vão andar as autoridades a perguntar a cada pessoa o que faz na rua e depois dizer "Olhe, se calhar devia ir para casa, mas se não quiser é consigo"? Teremos interacções com as forças de autoridade deste género?
PSP - Bom dia, cidadão. Sabe que tem o dever cívico de permanência no domicilio?
Cidadão - Bom dia, senhor agente. Sei sim senhor, mas vou almoçar fora.
PSP - Muito bem. E vai almoçar onde?
Cidadão - Ainda não sei bem, mas se tudo correr bem será em Bragança.
PSP - Pode seguir então e tenha uma boa viagem.
Eu sei que as forças de autoridade estão a adorar fazer estas operações STOP em todo o lado nos últimos dias, é uma espécie de sonho molhado estar num sítio parados a chatear as pessoas sem necessidade, mas isto já é levar esse sonho molhado a outro nível.
Tendo em conta que o turismo consiste basicamente em andar a passear de um lado para o outro, se percebi bem esta medida, a ideia é matar o turismo em Portugal definitivamente, certo? O António Costa deceidiu que vai levar o turismo para trás de um barracão e dar-lhe dois tiros.
Isto a não ser que o Governo tenha descoberto um novo tipo de turismo. Um turismo que consista em descobrir o interior de casas. Só acho que seria de bom tom avisar os estrangeiros que vêm para cá, assim que metem os pés no aeroporto, desse novo turismo.
Outra medida bastante interessante é a proibição da realização de feiras e mercados de levante. Fazer compras num espaço fechado? Tudo bem. Fazer compras num espaço ao ar livre? Inadmissível. Claramente faz total sentido... Bem, pelo menos para quem decide as medidas.
Excelente seria que o Governo conseguisse impor o dever de bom senso a todos. Inclusive para si próprio.
Continuamos então ainda com a polémica da aplicação STAYAWAY COVID, não é?
Quando António Costa diz publicamente que a vizinha lhe deu um raspanete por ele não estar a usar a máscara dentro do prédio e que por isso também tornou obrigatória essa medida diz tudo. Esta vizinha tem mais força política que o Presidente da República. Manda umas bocas ao Primeiro-Ministro, ele amocha e os portugueses apanham com as consequências. É preciso ter cuidado com as coisas que esta vizinha diz ao António Costa.
Quanto à STAYWAY COVID, o Governo olhou para os cerca de 1800000 downloads da aplicação e pensou que o problema era claramente das pessoas não estarem a descarregar a aplicação. Com este número de downloads é óbvio que o problema advém daí... Ou então foi também a vizinha que lhe disse que devia ser obrigatório, nunca se sabe.
Quando há pessoas que usam a aplicação e pensam que a STAYAWAY COVID vai apitar quando estiverem junto a um infectado diz muito do que a generalidade das pessoas sabe da aplicação. Malta, isto não é o sistema de pulseira electrónica para proteger vítimas de violência doméstica quando o agressor se aproxima delas. É para alguém infectado poder alertar as pessoas que estiverem em contacto consigo nos últimos 14 dias, após o médico responsável pelo seu caso lhe fornecer um código para inserir na aplicação.
António Costa, sobre a obrigatoriedade desta medida, já veio dizer o seguinte:
Odeio ser autoritário, eu não quero ser autoritário, mas temos de controlar esta pandemia
Sabem o que isto faz mesmo lembrar? O "Eu não sou racista, mas...". Portanto, sabem quem é que costuma dizer coisas como "Eu não queria ser autoritário, mas vocês é que me obrigam"? Exacto, pessoas com tendências autoritárias.
A candidata à Presidência da República, Ana Gomes, também já veio a público dizer-se contra a obrigatoriedade da instalação da app STAYAWAY COVID por, entre outras coisas, ser uma violação da privacidade. Não deixa de ter piada quando defende as acções de Rui Pinto.
Sendo obrigatória em contexto escolar, será que se um aluno não tiver a STAYAWAY COVID instalada na sala de aula leva falta de material? São estas pequenas coisas que me deixam dúvidas.
Se o Governo quer levar estas medidas em frente, acho que devia criar uma polícia específica para fiscalizar a utilização obrigatória das máscaras na rua e da instalação da app STAYAWAY COVID. A polícia chamar-se-ia COPIDE-19. Parece-me um nome adequado.
Só sei é que com a repercussão que isto está a ter, Portugal ainda vai ser o grande responsável pelo ressurgimento da Nokia. Volta Nokia 3310, estás perdoado!
Entretanto no Brasil, a Polícia Federal encontrou 30 mil reais (4,6 mil euros) escondidos entre as nádegas do senador Chico Rodrigues numa operação que investiga desvios de dinheiro público destinado ao combate da pandemia de COVID-19.
Então não é que o Cristiano Ronaldo apanha COVID-19 e, menos de 24 horas depois, o Governo passa o país da situação de contingência para o estado de calamidade. Se o António Costa tivesse esperado para ver a exibição do Diogo Jota no jogo contra a Suécia não tinha havido necessidade de declarar o estado de calamidade.
Entre várias das novas medidas apresentadas em conferência de imprensa, houve uma que se destacou:
Apresentar à Assembleia da República uma proposta de lei a que solicitaremos uma tramitação de urgência para que seja imposta a obrigatoriedade do uso da máscara na via pública, repito, com o óbvio bom senso de só nos momentos em que há mais pessoas na via pública e também da utilização da aplicação STAYAWAY COVID em contexto laboral, escolar e académico, nas forças armadas e nas forças de segurança e no conjunto da administração pública.
Agora já se legisla bom senso e instalação de apps? Está bonito isto.
Apesar de não achar correcto o uso obrigatório de máscara na rua, eu ainda percebo que o seja, mas como é que se cria uma lei sobre o "óbvio bom senso da utilização da máscara"? Eu por exemplo, quando vou na rua normalmente não uso máscara, mas quando vou passar por uma zona mais movimentada coloco-a. Mas é o meu bom senso que, olhando para a quantidade de pessoas com que me vou cruzar, o define. Vão andar as autoridades a policiar o bom senso com uma fita métrica?
Depois, a instalação da aplicação STAYAWAY COVID... Será que o Orçamento do Estado tinha lá uma alínea escrita em que o Governo ia oferecer um smartphone, com a aplicação STAYAWAY COVID instalada, a cada português? Não reparei nisso.
Não sei se repararam, mas a STAYAWAY COVID é uma aplicação bastante peculiar. Por um lado, se ninguém a usar não serve para nada, porque não tem dados inseridos suficientes. Por outro, se toda a gente a usar também não serve para nada, porque vai fartar-se de disparar uma quantidade absurda de alertas desnecessários.
É só imaginar o caso de alguém infectado que andou de transportes públicos nos últimos 14 dias. Já imaginaram a quantidade de pessoas que essa pessoa se cruzou durante 15 minutos a menos de 2 metros de distância? E o mais provável é nem terem sido contagiados. Será uma excelente forma para lançar ainda mais o pânico generalizado.
Segundo uma sondagem, cerca de 60% dos portugueses acredita que os fundos europeus vão ser mal geridos por parte do Governo.
Os restantes 40% ainda acreditam, entre outras coisas, no Pai Natal, Coelho da Páscoa, unicórnios, lobisomens, vampiros ou que o Sporting irá ganhar o campeonato este ano.
Depois de ver como a realização da Festa do Avante! decorreu, o Governo ainda vai pedir ao PCP para ser o responsável pela aplicação das regras de segurança sanitária definidas pela DGS pelo país fora, em particular, no início do novo ano lectivo.
A partir de agora imagino que a cada elogio do Governo a algo ou alguém vai aparecer depois um vídeo do António Costa a dizer mal dos mesmos.
Por exemplo, ainda agora o Governo elogiou o Miguel Oliveira pela primeira vitória portuguesa em MotoGP, dizendo que a vitória enche o país de orgulho. Imagino que daqui a pouco vamos ver uma conversa off the record do António Costa a dizer que o Miguel Oliveira foi um cobarde por não ter arriscado antes e só ter ultrapassado na última curva porque o Jack Miller e o Pol Espargaró estavam a lutar entre eles.
Já passou cerca de um mês e meio desde que se iniciou o plano de desconfinamento orquestrado pelo Governo e ainda não percebi o raciocínio lógico por detrás das limitações impostas.
Eu acho que um Governo deve fazer regras que sejam semelhantes para todos e não de acordo com as opiniões pessoais dos ministros. Peguemos no exemplo extremo das touradas.
Por mim os toureiros bem que merecem ser enrabados pelos seus cavalos enquanto lhes são espetadas umas bandarilhas no lombo. Podiam até aproveitar esta altura e acabar com as touradas de vez. No entanto, enquanto não o fazem e sendo uma atividade legal, o Governo não tem o direito de os discriminar impedindo a realização do seu “trabalho”. Têm os mesmos direitos que os outros a realizar os seus eventos.
Mas temos muitos mais exemplos. Temos o caso do futebol que não pode ter adeptos. Bares e discotecas fechados. Festas ao ar livre também nada e se tiverem sardinhas assadas ainda pior. Escolas praticamente sem aulas. Casamentos e funerais com limitação do número de pessoas.
Por outro lado, depois temos espetáculos com 2000 pessoas, comícios, manifestações, praias, peregrinos em Fátima, centros comerciais abertos, transportes públicos a abarrotar, aviões com os lugares todos ocupados, …
Isto dá todo o aspeto de que tudo o que o Governo ideologicamente acha como bom tem livre-trânsito para se realizar e tudo o resto que se lixe. Eu bem que gostava de ter esse poder e ainda ir mais longe. Tudo o que era comida que eu não gosto, fechava os restaurantes e deixava de vender nos supermercados. Carros que fossem melhores que o meu deixavam de poder circular nas estradas. Determinadas pessoas deixavam de ter acesso à internet. Artistas que fazem música que não gosto deixavam de poder fazer espetáculos. Só não sei se muita gente iria achar graça e achar, sei lá, talvez um bocadinho ditatorial.
Portanto, a meu ver, resolver este problema da desigualdade de tratamento é bastante simples e tem duas soluções.
A primeira, restringir de igual forma para as atividades semelhantes, fazendo uma forte fiscalização. Quando estava tudo fechado em casa multavam e detiam quem não cumpria as regras, seria continuar a fazer o mesmo. Tratar todos por igual.
A outra solução, abrir tudo e voltar-se à “vida normal”, colocando apenas algumas regras básicas genéricas como a obrigatoriedade do uso de máscara. Até porque já sabemos que tivemos de ficar em casa, porque não existiam ventiladores, máscaras e gel disponíveis. Assim que começou a haver disponível um pouco por todo o lado, mandaram as pessoas logo para a rua.
É simples, ou dão o poder de decisão às pessoas para serem elas as responsáveis ou não dão, mas sejam no mínimo coerentes. Ah, e já agora, é bom que as pessoas não apanhem a COVID-19, mas era melhor ainda garantir também que elas não morrem ou ficam debilitadas devido a outros problemas, já que é impossível marcar consultas nos Centro de Saúde e os exames, cirurgias e tratamentos têm sido suspensas nos Centros Hospitalares. É que não estou a ver ninguém a vir dizer «O meu pai morreu devido a um cancro que foi detectado tardiamente, mas ao menos não apanhou COVID».