Ronaldo da Arábia
Não há problema algum do Cristiano Ronaldo ir acabar a carreira para a Arábia Saudita a receber milhões. É uma escolha totalmente normal e vários jogadores já seguiram o mesmo caminho, seja Médio Oriente, China ou EUA.
É verdade que muitos sportinguistas esperariam que ele, depois de todo o dinheiro que já ganhou, pudesse fazer um desconto e vir acabar a carreira em Portugal, no Sporting. Obviamente nunca iria auferir os valores que recebeu até agora e muito menos os que irá receber no Al-Nassr, mas, pelo que sei, os jogadores mais bem pagos do Sporting não vivem propriamente na miséria. Isto sem contar que poderia negociar um contrato em que recebesse outras contrapartidas e ainda iria continuar a receber dinheiro de publicidade que já recebe. De certeza não iria ficar mal na vida.
É possível que os sportinguistas tenham depositado mais fé no seu suposto amor pelo Sporting do que o próprio realmente terá pelo clube.
No entanto, a culpa disso não é dele, é das pessoas com expectativas demasiado altas. Esta última passagem pelo Manchester United pode ter-lhe servido de aviso que no futebol não há lugar a sentimentos se o que for demonstrado dentro de campo não estiver à altura. E a realidade é que vindo para o Sporting, a jogar na Liga portuguesa e nas competições europeias, não existiriam certezas que ele jogaria sempre como ele queria. E a pressão em ter de demonstrar a sua qualidade continuaria sempre em nível alto. Assim que começassem a haver jogos sem marcar e que o nível exibicional fosse baixo começariam a aparecer as críticas. Ele não está para isso, não quer estar com essa pressão das críticas e quer jogar quando quiser.
Com quase 38 anos decidiu ir para a reforma dourada, ser titular sempre, ganhar muitos milhões e, mais do que de um clube, ser a cara de um país no futebol. São escolhas e, apesar de poderem ser discutíveis, são completamente válidas. A única coisa que ele depois não pode é continuar a exigir ser tratado como se ainda estivesse no futebol de primeira linha. Apenas isso.