Ladrão que rouba a ladrão tem 100 anos de perdão?
Imaginemos um indivíduo qualquer que ande a roubar as cartas do correio das pessoas e que no meio das várias cartas encontra informação comprometedora de algumas dessas pessoas. Divulga essa informação. É apanhado. É óbvio que tudo o que foi descoberto tem de ser devidamente investigado. É também óbvio que essa pessoa tem de ser condenada por ter andado a roubar cartas. Não são acções mutuamente exclusivas.
Agora façamos a transição para o caso do processo do Rui Pinto. Se grande parte do que veio na comunicação social é verdade, o processo é tão simples que nem deveria haver grande controvérsia.
O que ele descobriu de errado deve ser investigado pelas autoridades e todas as ilicitudes levadas a tribunal. Ora, isso não implica também que as acções erradas que o próprio cometeu sejam automaticamente desculpadas. Ladrão que rouba a ladrão não tem 100 anos de perdão. Ou pelo menos não deveria ter.
O problema é que a maioria das pessoas estão apenas concentradas no futebol e analisam isto como se fosse um Porto contra o Benfica, quando a "chicha" descoberta vai muito para além disso.