Notícia bombástica de ontem, Cristiano Ronaldo faz uma marquise na sua casa de luxo em Lisboa.
Isto sim é o nosso capitão da selecção nacional, um verdadeiro tuga como todos nós. Podes ser muito rico e ter uma casa de sete milhões de euros, mas tens de meter a bela da marquise na varanda.
De repente uma situação meramente caricata torna-se num circo mediático. Primeiro porque é o Cristiano Ronaldo. Óbvio que ia levantar burburinho. Depois, porque o arquitecto responsável pelo projecto do prédio veio dizer que não ia assistir parado ao desrespeito e à conspurcação de forma ignóbil daquele edifício e que toda a admiração e respeito que tinha por Cristiano Ronaldo se desmoronou num ápice. E isto não sou eu exagerar, foi exactamente isto que o arquitecto veio dizer.
As declarações do arquitecto davam quase a entender que, ao meter a marquise, o Cristiano Ronaldo fez ao prédio ainda pior que à Kathryn Mayorga. Uma verdadeira marquise de Sade. Temos um CR7 que rebenta balizas, rebenta cus e rebenta projectos de arquitectura.
Entretanto Fernando Medina já veio dizer que a Câmara Municipal de Lisboa vai pedir uma inspecção às alterações feitas para que tudo seja regularizado de acordo com a lei. Pela forma como foi tratada a Madonna, aposto que o próprio presidente da Câmara irá tratar disso pessoalmente, deslocando-se ao edifício em questão e pedindo imensas desculpas ao Cristiano por todos os incómodos causados, garantindo que está lá para o ajudar em tudo o que puder. Tudo para que isto não seja motivo para deixar o nosso capitão desconcentrado para os jogos do Europeu e muito menos que lhe passe sequer pela ideia vender o apartamento e ir comprar outro em Oeiras ou Sintra, por exemplo.
Uma das notícias mais comentadas de ontem foi a do caso do miúdo de 13 anos que foi atropelado, no Seixal, quando tentava atravessar a correr uma estrada para fugir de colegas raparigas que estavam-lhe a bater e importunar.
Por muitos comentários que já vi a essa situação, não deixa de ser curioso que existe uma crítica enorme ao bullying e ao que foi feito enquanto fazem bullying à rapariga que originou isto e lhe fazem ameaças, incluído de morte. E não são crianças a fazer isso, são jovens e pessoas bem adultas. Relembro que os intervenientes do incidente são crianças de 13 ou 14 anos. Se calhar este tipo de comportamentos explica muito destes episódios continuarem a acontecer. Quando se tem comportamentos agressivos por tudo e por nada é bastante normal que as crianças, que já têm uma certa predisposição normal de tentarem exercer domínio umas sobre as outras, vão apanhando isso cada vez mais quando o vêm a ser feito diariamente por adultos.
A não ser que as crianças agressoras sejam totalmente sociopatas e não sintam qualquer emoção, o simples facto de assistirem um colega seu a ser atropelado por sua culpa já me parece um castigo bem grave de suportar. Importante neste momento é dar apoio à vítima, mas também garantir que quem originou aquela situação tenha percebido bem a gravidade da situação e aprendido, porque relembro mais ou vez, são crianças de 13 ou 14 anos. Por muito que as pessoas se queiram enganar e pensar que nunca seria com eles, porque são educadores incríveis e excepcionais, a realidade é que qualquer uma daquelas crianças, vítima ou agressores, podiam muito facilmente ser os vossos filhos, os vossos netos, os vossos sobrinhos, os vossos primos ou vocês mesmos. Não se iludam.
Ontem, parecendo que não, jogou-se a final da Taça de Portugal de futebol. Um jogo entre Benfica e Braga, às 20:30, em Coimbra, sem adeptos, podem chamar-lhe o que quiserem, mas isto não é uma final da Taça de Portugal.
Parabéns ao Sporting de Braga pela vitória. Foram mais fortes e mereceram. Não vou estar a comentar o que se passou no jogo, porque o mais provável é ir dar a discussão sobre arbitragens e não estou nem interessado nem com paciência para isso.
É que estou mesmo farto. Farto de haver sempre uma desculpa externa para justificar todos os falhanços da época. Farto que hajam adeptos que achem que o que demonstra o espírito benfiquista é andar metido numa confusão em campo. Farto do Jorge Jesus que já teve a sua época do Benfica e não devia ter voltado. Farto do Luís Filipe Vieira que também já não devia ter continuado, mas, a não ser que a polícia o venha buscar, deve ficar até ao fim, porque foi o que 60 e tal porcento de sócios assim o quiseram e o merecem. Farto.
A única coisa que fez sentido ontem foi o facto da equipa do Benfica estar a usar o equipamento preto. Perfeito para fazer o luto do que foi esta época.
Para finalizar queria só dizer que futebol feminino é que é.
Pelo que tenho visto, devo ter sido dos poucos seres em Portugal que não viu a entrevista do Tony Carreira ao Manuel Luís Goucha na TVI. No entanto, sem ter assistido a qualquer bocado da entrevista, acho que consigo adivinhar o que se passou. O homem estava todo alegre e divertido? Não? Um pai que perde de uma forma repentina e dramática uma filha que amava profundamente não estava ali a pular aos saltos? Não me digam que estava todo destruído emocionalmente e relatou momentos da dor que passou e continua ainda a passar? Epá, isso é que seria mesmo surpreendente...
Este tipo de programas não me trazem qualquer vontade para assistir. É como estar a olhar para um enorme acidente numa auto-estrada. Se puder, vou evitar assistir, porque não quero ficar com a imagem na cabeça de ver gente toda rebentada e ensanguentada. Nisto é muito semelhante, mas os danos são emocionais e psicológicos. Por muito que seja feita de livre vontade e bem conduzida, este tipo de entrevistas só serve para alimentar uma curiosidade mórbida de estar a assistir ao sofrimento de outrem. Não consigo ver qualquer interesse televisivo nisso.
Estamos num Mundo em que cada vez mais parece que as pessoas só conseguem entender que alguém está a sofrer se a virem mesmo a sofrer. Já falei disso um bocado anteriormente. Existe uma falta de noção de vida e de realidade cada vez maior e com as figuras públicas torna-se ainda pior. Como se elas não fossem pessoas reais que podem passar o mesmo que qualquer outra pessoa em situações semelhantes e são precisas provas de tal. Como se fosse necessário assistir aos sentimentos dos outros para de alguma forma validar os nossos próprios ou, pior, artificialmente despoletar sentimentos. É que faz-me mesmo muita estranheza uma pessoa não ser capaz de se colocar minimamente no lugar da outra sem que esta necessite de se expor completamente. Não entendo mesmo.
Entretanto, ao final da noite, a fazer zapping, ainda apanhei a CMTV a fazer uma emissão a comentar a entrevista ao Tony Carreira. Eles olharam para aquilo e pensaram que a TVI não podia ser a única a ter aproveitamento do destroço emocional de um homem em prol de audiências. Típica CMTV. Aquele momento foi um excelente sinal que era altura de eu ir para a cama dormir.
Nesta quinta-feira, a Lusa transmitiu uma notícia sobre a constituição da comissão de revisão constitucional. Nessa notícia o jornalista que a escreveu decidiu listar os deputados da forma que podemos ver acima na imagem.
No entanto, melhor do que a agência Lusa ter identificado a deputada Romualda Fernandes como identificou, só os órgãos de comunicação social, como por exemplo o Expresso e o Observador, a difundirem exactamente o mesmo sem se terem preocupado minimamente em rever o conteúdo. Isto é como aquele aluno que copia os trabalhos de casa todos de um colega incluindo o nome.
Acho que estamos de acordo que a forma como a deputada foi identificada é realmente inaceitável e inqualificável, demonstrando um claro racismo do autor da notícia, mas tenho de dizer que foi também totalmente desnecessário, o que torna tudo ainda mais gratuito. Se era para fazer essa associação ao nome, ao descrever os deputados, teria feito muito mais sentido ter colocado "Jamila Madeira (Branca)".
Por informações que vieram a público dadas por João Varandas Fernandes, vice-presidente do Benfica, a equipa do Sporting, aparentemente, não deverá ter guarda de honra quando visitar o Benfica na próxima jornada.
Apesar de não ser uma tradição muito vincada no futebol português, ao contrário do que acontece lá fora, a realidade é que nos últimos anos já aconteceu algumas vezes a realização da guarda de honra ao clube que se sagrou vencedor do campeonato. Temos por exemplo o ano passado com o Moreirense a fazer ao Porto ou, em 2017, o Boavista a fazer ao Benfica. Diga-se também de passagem que tem sido bastante difícil haver muitas mais quando nos últimos anos muitos dos campeonatos têm sido decididos na última jornada.
O problema é que há ainda muita gente que olha para isto e faz-lhe confusão na moleirinha haver fair play entre equipas rivais. Ui, uma guarda de honra, que horror... Oh meus Deus! A vergonha... A vergonha é insuportável. Parece que é o fim do Mundo.
A quantidade de adeptos de futebol que sofre de complexos de pila pequena continua a ser absurda. Que cambada de complexados cheios de inseguranças. Depois os dirigentes adoram pegar nisso para continuar a fomentar guerrinhas estúpidas para tentar distrair dos falhanços próprios. Como se fazer uma guarda de honra ao rival fosse diminuir o próprio clube. Digo mais, um clube fazer a guarda de honra a outro só demonstra respeito e engrandece o nome do clube. Isto sim são acções que demonstram os valores de um clube.
Portanto, como benfiquista, digo que a equipa do Benfica só tem é de fazer a guarda de honra, ganhar o jogo ao Sporting depois, incutindo-lhes a única derrota no campeonato nesta época e fazer para que no próximo ano sejam os outros clubes a terem de fazer a guarda de honra ao Benfica. Isso sim é o que eu quero ver e espero do Benfica. E estou-me completamente a borrifar para o que outros clubes deixaram ou não de fazer, eu quero é que o meu clube tome as atitudes correctas, porque se fosse para serem os outros então seria adepto dos outros. Cada qual fica com as acções que toma.
Durante estes dias deu-se o bonito fenómeno da migração dos peregrinos até Fátima que havia sido interrompido o ano passado pela pandemia. Apesar das várias dificuldades sofridas para chegar ao local, os peregrinos irão agora reproduzir-se, garantindo assim a preservação da espécie.
Antes de mais quero aproveitar para dar os parabéns ao Sporting pela conquista e a todos os sportinguistas que demonstram uma rivalidade saudável com os outros. Ganharam (e bem) o campeonato e têm todo o direito de aproveitar para comemorar. Só espero que o tenham feito com segurança.
Esta época tinha mesmo de ser do Sporting. Covid-19 anos depois e Covid-19 títulos de campeão nacional de futebol. Até parece que já estava escrito.
Desde segunda-feira, quantidade enorme de adeptos fizeram fila na loja do Sporting para substituir o seu guarda-roupa para a comemoração. Numa entrevista, vi até um adepto a dizer:
Quem aguardou 19 anos, espera bem hora e meia
Assim é que eu gosto ver, pessoal que sabe brincar consigo próprios. Um bem-haja ao adepto que disse isto e decidiu comprar novo merchandising em vez de tirar o pó ao antigo.
Depois desta gente toda que foi fazendo filas nesses dias e a quantidade que se foi juntando durante o dia de ontem, aparentemente só as forças de autoridades é que foram apanhadas de surpresa com a multidão que se juntou em Alvalade. Já o ano passado (em menor dimensão) aconteceu com o Porto e estava-se mesmo a ver que, qualquer que fosse o clube a ganhar este ano, ia acontecer algo do género. Porra, o próprio lema do Sporting para esta época é "Onde Vai Um Vão Todos". Era assim tão díficil de prever? A polícia deve ter pensado "Vamos deixar juntar o maior número de pessoas possíveis que depois é mais fácil fazê-las dispersar". Génios.
Obviamente, depois deu porcaria e confusão. Até tive vontade de ir ver as notícias dos confrontos entre Israel e o Hamas para descomprimir das imagens dos confrontos entre a polícia e os adeptos do Sporting.
Quando saiu a informação que o Conselho de Ministros aprovou o levantamento da cerca sanitária em Odemira até imaginei que fossem logo criar uma em Alvalade, mas tal não aconteceu. Bem, o Governo já tinha começado com os testes-piloto e agora isto foi o teste de carga. Se depois das comemorações todas de ontem, onde milhares de pessoas todas juntas, muitas sem máscara e quase a mamarem na boca umas às outras, não tivermos um aumento dos casos de Covid-19 nas próximas semanas, então é abrir tudo e voltar à normalidade. Deixa de haver razões para que tal não aconteça.
Não acompanhei a festa até ao fim. Sei que a equipa foi de autocarro até ao Marquês. Tendo em conta que era o único que sabia o caminho, vou assumir que foi o Rúben Amorim a conduzir. Brincadeirinha. Isto foi só uma maneira para introduzir o Rúben Amorim na conversa. Grande treinador, mas, mais que isso, alguém diferente no mundo do futebol. Espero que nos momentos maus que possam aparecer mais à frente ele tenha mais sorte que o Bruno Lage, porque são homens como eles que fazem falta ao futebol. É importante haver rivalidades, mas não há qualquer necessidade de haver sempre clima de confronto entre as pessoas por causa de algo como o futebol.
Para finalizar, deixo mais uma vez os parabéns ao mundo leonino e aproveitem, é que ver o Sporting campeão é como ver um cometa, só daqui a uns valentes anos é que volta a passar novamente.
Pessoas que quando um famoso tem um problema grave ou morre fazem comentários como "Foi preciso acontecer isto a X para ver como tudo muda de repente, um dia estamos bem e no outro já não. A vida é tão frágil." ou parecidos, deviam levar uma lambada no focinho para ver se deixavam de ser tão sem noção e acordavam para a vida.
Uma coisa é ficar surpreendido ou chocado com um acontecimento a alguém que, apesar de não ser familiar, se tem uma noção de familiaridade com essa pessoa. Faz sentido haver comoção e desejos de que tudo corra pelo melhor. Tudo normal aí.
Agora, ficar admirado de tal forma como se não existisse gente de todas as idades a morrer e a ter problemas graves a todo o momento? Não lêem jornais? Televisão? Internet? Nada?
É como se alguém por ser famoso não estivesse sujeito aos mesmos problemas que qualquer outro ser humano. Pior, ser preciso acontecer a alguém famoso para, de repente, se ter uma epifania e aperceber que qualquer um de nós não está livre de lhe acontecer o mesmo. É uma falta de noção da realidade e da vida que me dá a volta à barriga.