- Desculpe, podia-me dizer onde é a festa do Partido Comunista? - Avante, à esquerda!
A realização da Festa do Avante! será alvo de forte crítica durante a próxima semana, em grande parte porque esperamos que os partidos deem o exemplo e que o Governo faça regras que sejam aplicadas a todos de igual forma. No entanto, já estamos mais do que habituados a que isso não aconteça. Porque seria diferente desta vez?
A não ser por motivos humorísticos para se brincar com a situação não há grandes razões para crítica. A realidade é que, passados todos estes meses de desconfinamento, não há muitos Portugueses que tenham superioridade moral para se queixar do PCP pela realização da festa.
Já tivemos centros comerciais com filas enormes, manifestações antirracismo, manifestações anti-manifestações antirracismo, festas diversas, Fátima, praias cheias, pessoas a falar com outras com a máscara a proteger o pescoço e muitos mais casos. Cada um à sua dimensão, as regras de proteção têm sido constantemente quebradas pelos Portugueses conforme dá jeito. Como é que agora se podem queixar da Festa do Avante?
Mais ainda, se a Festa do Avante! estiver cheia com os 16500 de que se fala será única e exclusivamente porque as pessoas decidiram lá ir, não foi o camarada Jerónimo que as obrigou.
Só tenho pena é que os eventuais grandes afetados possam vir a ser os idosos que estão nos lares e não colocam um pé fora dos mesmos há meses. Já que é para morrer, ao menos libertem os velhinhos para curtirem os últimos tempos de vida. Deem-lhes passes de 3 dias para curtirem Blasted Mechanism, Capicua e muito mais na Quinta da Atalaia. Isso é que era.
Após a realização da Festa do Avante!, se eventualmente for identificado um surto que tenha tido origem lá, só peço que o PCP e todos aqueles artistas que decidiram fazer parte venham a público pedir desculpas. Se o Olavo Bilac foi praticamente forçado a isso por ter ido cantar ao comício do CHEGA!, acho que é mais do que justo um tratamento semelhante se for comprovado um surto, não acham? Até nem estou a pedir muito.
Isto excepto os Xutos & Pontapés. No caso particular dos Xutos, que são um ódio de estimação meu, espero que morram (musicalmente falando) e deixem de dar concertos de uma vez por todas. Se nos outros anos conseguem uma omnipresença de estar em tudo o que é festival, logo no ano em que não há festivais vão ao único não-festival que é um festival. Já não há paciência para os aturar.
Marcelo Rebelo de Sousa foi hoje interpelado por uma cidadã durante a inauguração da Feira do Livro no Porto (podem ver o vídeo).
Foi um belo momento, claramente espontâneo e nada planeado. Não foi uma tentativa de provocar um confronto com o Presidente da República nem nada. A mandar para o ar umas frases cheias de demagogia e outras falsas, sem deixar o Marcelo responder, para tentar gerar ali qualquer coisa enquanto mantinha o telemóvel em riste a gravar a conversa. Se fosse o António Costa, existia sempre a possibilidade de se virar para lhe dar uma lamparina, mas o Marcelo sabe muito disto.
Eu nem sou particular fã da presidência de Marcelo Rebelo de Sousa, mas ele esteve bem. Praticamente na única resposta que conseguiu dar à mulher em 15 minutos foi bem claro. Não gosta de como o Governo está a governar? Mete à borda do prato, ou seja, convença os portugueses a votar noutro Governo. Simples, é assim a democracia. Quem governa é o Governo e quem legisla é a Assembleia da República, nenhuma destas funções são as do Presidente da República.
Se fosse um cidadão descontente que quisesse ter um diálogo com o Presidente da República para apresentar as suas preocupações eu não seria de acordo com esta resposta, mas quem vem com frases populistas e demagógicas claramente com um segundo intuito merece levar respostas destas. Só ficou mesmo a faltar no final perguntar-lhe se queria também tirar uma selfie, já que esteve ali com o telemóvel em riste a gravar durante toda a interpelação.
Aquando da morte de George Floyd pela polícia, escrevi um texto que continha esta parte:
Esta situação toda que deveria levar a manifestações de defesa de direitos humanos, independente da cor, foi aproveitada e desvirtuada, levando a pilhagens, tumultos, motins, e ataques às forças de autoridade. Isto é uma mistura explosiva. Num país em que qualquer pessoa pode ter uma arma, em que a criminalidade é violenta e que a ação policial é conhecida por ser musculada, entramos em ciclo na perpetuação de preconceitos e de violência. Nada de bom vai sair dali.
Três meses entretanto passaram e, pasme-se, acertei. Só não acerto é no Euromilhões, mas o facto de não jogar também não ajuda. A verdade é que também não foi assim muito complicado. Não é preciso ser grande vidente para adivinhar que violência iria gerar mais violência e que radicalismo iria gerar mais radicalismo.
A História realmente tende a repetir-se e, cada vez mais, estamos a ficar com um contexto social parecido com o de há 100 anos. Depois fica toda a gente espantada como se chegou a tal, enquanto se aponta dedos aos outros.
A partir de agora imagino que a cada elogio do Governo a algo ou alguém vai aparecer depois um vídeo do António Costa a dizer mal dos mesmos.
Por exemplo, ainda agora o Governo elogiou o Miguel Oliveira pela primeira vitória portuguesa em MotoGP, dizendo que a vitória enche o país de orgulho. Imagino que daqui a pouco vamos ver uma conversa off the record do António Costa a dizer que o Miguel Oliveira foi um cobarde por não ter arriscado antes e só ter ultrapassado na última curva porque o Jack Miller e o Pol Espargaró estavam a lutar entre eles.
A contratação do Cavani pelo Benfica estava por horas segundo todos os "especialistas" futeboleiros. Vou de férias duas semanas. Volto. Afinal vai-se a ver e parece não.
Se em 1905, Albert Einstein afirmou que tempo e espaço são relativos e estão profundamente entrelaçados, em 2020, a contratação do Cavani pelo Benfica é mais uma prova cabal da Teoria da Relatividade.
Uns apoiantes do CHEGA!, na última manifestação, utilizaram uma criança negra com um cartaz amarelo com a mensagem "sou adotada, angolana, meus pais são Chega" e uma bandeira do partido na mão. Comportamento totalmente errado e aproveitamento político óbvio.
Tudo podia ter ficado por aqui, mas não. Como estamos na época das redes sociais, muita gente, ao ver essa imagem, ficou tão indignada com este aproveitamento político que decidiu então fazer novo aproveitamento político para condenar o outro aproveitamento político. Como se existisse um aproveitamento político bom e um aproveitamento político mau na utilização de uma criança. Resultado, Comissão de Proteção de Crianças e Jovens envolvida.
Ironicamente nisto tudo, a criança foi trazida de Angola e afinal ainda não tem o processo de adopção concluído, ou seja, no pior dos casos, aqueles que tanto apregoam a luta contra o racismo em Portugal podem vir a ser os responsáveis por mandar a pobre criança "de volta para a sua terra".
Por outro lado, é estranho (para dizer o mínimo) que uma criança angolana tenha vindo para Portugal com alguém que, legalmente, não lhe é nada. Mais outra ironia, apoiantes do CHEGA! contribuirem para uma espécie de imigração ilegal.
Hoje deparei-me com esta notícia e várias questões vieram logo à minha cabeça.
A primeira, mal comecei a ler o título da notícia foi, "Quem é o António Rolo Duarte e porque é importante o suficiente para ser notícia?". Mesmo depois de pesquisar na Internet, ainda não percebi. Só vi que era um palerma qualquer que foi ao Prós e Contras dizer palermices sobre as universidades portuguesas. O que me fez praticamente retomar ao início e perguntar "Quem é o António Rolo Duarte e porque é que foi convidado a ir ao Prós e Contras?". Continuei sem perceber.
Como isto não estava a ir a lado algum, continuei a ler a notícia e a segunda questão foi "Bem, apesar deste gajo parecer ser daqueles palermas com a mania das superioridades, qual é o mal de fazer um crowdfunding para estudar? É verdade que podia ter escolhido ir trabalhar, mas escolheu o crowdfunding. Pronto, não há mal. Só dá quem quer.".
Então lá apareceu a razão. O rapaz estava a fazer um pedido de 25 mil euros para ir estudar para Cambridge com base em informações falsas de atrasos de bolsas de estudos. Ele referiu que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior adiou a atribuição das bolsas de doutoramento e que por isso ficou sem dinheiro para poder continuar a estudar. Algo que já se veio a provar que não é verdade. Primeiro, não foram adiadas e segundo, ele nem sequer tem garantida a atribuição da bolsa. Teve azar, foi apanhado nas suas não-verdades.
Portanto, continuando ainda sem saber muito bem quem é o António Rolo Duarte, desde o início desta notícia, ele passou de totalmente desconhecido a palerma com a mania, e agora, a palerma chico-esperto com a mania. Já vai bem lançado para ser um daqueles "bate-punho" famosos.
Depois de ver isto, pensei que também não haveria grande problema, provavelmente não conseguiu amealhar nada. Errado. A campanha foi suspensa quando contava com 242 apoios no total de 4860 euros. Quase 5000 euros!
Ora, com isto, mais uma questão se levantou, "Quem são estas 242 pessoas que deram este dinheiro ao rapaz?". Como é possível? As pessoas assumem que tudo o que está na Internet é verdade e simplesmente dão o dinheiro? Serão as mesmas que caiem nos esquemas dos príncipes da Nigéria? As pessoas gostam assim tanto de ser enganadas? É algo que une os mais novos e mais velhos. Os analfabetos e quem tirou cursos superiores. Homens e mulheres. Toda a gente tem uma atracção inexplicável para se deixar ser feito de parvo.
Nota: Se alguém me conseguir explicar quem é o António Rolo Duarte para ser relevante o suficiente para ser notícia, eu agradeço.
As médias dos exames nacionais subiram este ano em quase todas as disciplinas, com algumas a registarem um aumento superior a três valores.
Este tipo de incremento só pode ser resultado de algum sintoma ou efeito desconhecido até agora da COVID-19 nos adolescentes. Super-inteligência. Não estou a ver outra razão possível para isto.
Agora está toda a gente contente com as notas, mas vai ter piada quando for o acesso ao Ensino Superior e levarem com um choque da realidade. É como se tivessem ganho o Euromilhões, mas em que o resto da população tivesse acertado na chave também.
A parte positiva é que em vez de não entrarem no curso que pretendem com uma média baixa, ao menos não entram, mas com uma boa média. É muito melhor.