A entrevista do Bento Rodrigues à Ministra da Cultura Graça Fonseca, no Primeiro Jornal da SIC, foi interessante. Conjugou-se um entrevistador que não queria ouvir respostas a uma entrevistada que não queria dar respostas. Foi uma espécie de juntar a fome com a vontade de comer, mas ao contrário.
De qualquer forma, tendo em conta quem mais tinha a perder ali, quase aposto que a Ministra da Cultura saiu da entrevista e foi beber o seu digestivo pós-almoço para abater ali um bocado a azia.
A Ministra da Cultura pode não ser boa a responder a perguntas relacionadas com o seu ministério, mas foi fundamental para desbloquear a abertura dos bares e discotecas. Poucos dias após a célebre frase da ministra, bares e discotecas podem abrir. Drinks de fim de tarde para todos!
No entanto, não é uma abertura normal. Têm apenas autorização para poderem funcionar como cafés ou pastelarias e têm de fechar até às 20 horas em Lisboa, mantendo as pistas de dança fechadas. Vai ser ali um fartote no lusco-fusco, como o famoso sketch dos Gato Fedorento.
Esta medida vai ser excelente para os alcoólicos nacionais que já vão poder pedir o seu café só com cheirinho ao pequeno-almoço ou uma salada de gin tónico para o almoço sem medo de serem julgados pelos outros.
Vai também ser muito bom para todos os pais que viam os seus filhos saírem à noite para as discotecas. Um peso enorme sai-lhes de cima quando ficam a saber que os seus filhos vão para uma discoteca. Passará a ser algo como:
- Pai, vou sair hoje, ok?
- E vais onde?
- Vou à discoteca.
- Tudo bem, mas quero-te em casa às 20h para jantar! Ah, e aproveita que vais à discoteca e traz pão.
Será que iremos ver os DJs a fazer live cooking em frente aos clientes daqui para a frente? E em vez de termos jovens em coma alcoólico passaremos a ter jovens em coma diabético, com os valores da glicemia nos picos devido aos bolos consumidos? Os seguranças deixam de barrar entradas e passarão a barrar torradas com manteiga? O consumo mínimo passará a ser dois croquetes e um Compal pêssego? Veremos.
Acho é que o Governo se esqueceu ali de uma área de negócio bastante afectada por esta pandemia. Os clubes de strip. Será que também podem ser cafés ou pastelarias ou terão de transformar-se noutra coisa qualquer? Frutarias, por exemplo? Com essas pobres dançarinas exóticas que precisam do dinheiro para pagar os estudos ninguém se preocupa.
A SIC e TVI decidiram acabar com os programas com comentadores afectos a clubes.
Excelente notícia para todos os verdadeiros amantes de futebol, que são poucos. Má notícia para todos aqueles que só gostam de meter veneno e contribuir para um clima tóxico no futebol nacional. Péssima notícia para Pedro Guerra que, pertencendo ao segundo grupo, andou a perder peso para deixarem de gozar com ele e agora tiram-lhe o palco na televisão.
Como a CMTV gosta de sangue e de audiências, provavelmente não vai seguir o mesmo caminho. Portanto, imagino que muitos destes paineleiros desempregados possam acabar por ir lá parar.
Deixo aqui a minha sugestão para que a CMTV possa aproveitar. A criação de um canal novo, CMTV 2, em que dá um programa ininterruptamente, 24 horas por dia 7 dias por semana, de comentário sobre futebol, em formato tag team, em que os comentadores dos clubes vão debitando porcaria sem parar e quando estiverem cansados ou aflitos vão-se revezando.
A SIC fazer todo aquele suspense para anunciar como contratação surpresa bombástica o Paulo Rocha, é ainda pior que no Benfica estar-se à espera que venha o Cavani e depois acabar por vir o Taremi.
Há racismo em Portugal? Há. Não parece que haja grande questão aqui. Estive a olhar para o mapa-mundo e não consegui identificar um país onde se pudesse dizer que não haja racismo. Portanto, Portugal não é diferente.
Ainda ontem, no caso do assassinato de Bruno Candé Marques que ocorreu em Moscavide, uma mulher estava a ser entrevistada pela CMTV sobre o caso e a dizer que se devia acabar com o racismo, logo após ter acabado de referir que "o senhor também não se metia com ninguém, apesar de ser de cor". Isto é um exemplo claro do típico "eu não sou racista, mas...". Não é como se o racismo só começasse a contar a partir do momento em que se mata alguém.
Dito isto, há dois conceitos que são diferentes e estão a ser confundidos neste caso: crime com motivações raciais e racismo.
Isto pode ser polémico e controverso, mas, da mesma forma que se um muçulmano cometer um crime não é logo terrorismo religioso, um racista cometer um crime não o torna automaticamente num crime com motivações raciais. É "simplesmente" um crime cometido por um racista.
Em Lisboa, aparentemente, parece que nunca ninguém viu, mas velhos a matar alguém pelos motivos mais fúteis possíveis é apenas mais um Sábado normal por esse Portugal afora. Velhos que pegam numa enxada e dão noutra pessoa, porque um ramo da árvore está a passar para cima do seu terreno. Velhos que vão a casa buscar a caçadeira para dar dois tiros a alguém, por qualquer coisa que foi dita enquanto jogavam às cartas. Velhos que matam as mulheres, porque imaginam que elas aos 70 e tal anos os estão a trair. Praticamente todos os meses há notícias destas.
Um velho, começar um conflito com alguém, porque se passou da cabeça com alguma coisa sem sentido, é o dia-a-dia. Infelizmente. Muitos idosos chegam a uma determinada altura das suas vidas e já não querem saber de si e muito menos dos outros.
Neste caso em concreto, pelo que foi noticiado, começou com um conflito por causa da cadela da vítima uns dias antes, que depois escalou de uma maneira absurda e, provavelmente em grande parte, devido ao racismo do agressor (pelo que se soube de frases proferidas). Ora, isto não faz que seja automaticamente um crime com motivações raciais. O homem não ia a passear na rua com uma arma e escolheu uma vítima aleatória exclusivamente por causa da cor da sua pele. Não, ele escolheu aquele indíviduo especificamente, Bruno Candé Marques, com uma motivação absurda qualquer que só ele saberá explicar (ou provavelmente nem ele próprio).
Agora, infelizmente, devido à idade do agressor, a Justiça será sempre injusta neste caso. Um homem na flor da idade partiu, 3 crianças têm a sua vida completamente estilhaçada ao ficarem sem o pai e o agressor deverá ficar apenas uns poucos anos na prisão até falecer ou adoecer gravemente.
O Boris Johnson não é parvo. Eles não metem Portugal na lista dos países seguros, porque querem que os enfermeiros portugueses que estão no Reino Unido fiquem lá a trabalhar e não tenham sequer a ideia de vir cá passar férias.
Esta é que a verdadeira razão para Portugal continuar fora dos corredores turísticos do Reino Unido.
Eu não acredito em fantasmas, mas parece que as próximas eleições à presidência do Benfica irão a ser assombradas por um.
Quando todos esperávamos que a luta ao cargo se fizesse entre o actual presidente e outros candidatos, aparentemente será entre Luís Filipe Vieira e o fantasma de Vale e Azevedo.
Infelizmente foi a este estado que o Benfica chegou. Um estado em que Luís Filipe Vieira é uma espécie de deus e quem quer que apareça leva logo com o fantasma do Vale e Azevedo em cima.
Diga-se de passagem que é bastante curioso Luís Filipe Vieira fazer uma campanha com base no reavivamento dos medos do passado dos benfiquistas. É que se formos a olhar para o passado mais recente, a quantidade de processos manhosos em que o Benfica se viu envolvido, não abonam em nada a seu favor. Se calhar é melhor começar a focar-se mais no que pode apresentar para o futuro.
Se Amália Rodrigues fosse viva faria hoje 100 anos.
Realmente é incrível que, se uma pessoa fosse viva, continuaria a fazer anos. Quem diria?
Sabemos que uma pessoa é realmente famosa e importante quando, para além de se comemorar o seu aniversário do seu nascimento quando é viva, se comemora o aniversário da sua morte e se continua a comemorar o aniversário do seu nascimento após a sua morte.
Passar da Cristina Ferreira para a Diana Chaves é como passar de um carro de rally para um Ferrari. É um carro mais veloz e mais elegante, mas o problema é que a estrada tem ali umas partes com gravilha.